Os consulados portugueses foram estabelecidos nas cidades portuárias das províncias bálticas que faziam parte do Império Russo já na primeira metade do século XIX. Houve um Cônsul português em Pärnu, desde 1825 até à Primeira Guerra Mundial. Ao longo da história, as relações entre a Estónia e Portugal têm sido principalmente políticas, mas desde que a Estónia recuperou a sua independência tem desenvolvido laços culturais e económicos com Portugal. Apesar da distância geográfica e cultural, somos países com ideias semelhantes em várias questões, como a política de segurança e defesa da União Europeia, o desenvolvimento do mercado interno e o orçamento da União Europeia. Portugal e a Estónia são países digitais progressistas que têm algo a oferecer um ao outro. Numerosas visitas e reuniões de variada importância confirmam as boas relações, o número de contatos culturais têm vindo a aumentar de ano para ano. Para os estónios, Portugal também é um destino de viagem prezado.
https://parnu.postimees.ee/198065/konsulaatide-ajalugu-parnus-algab-1762-aastast
Em 9 de dezembro de 1930, o jornal Kaja escreveu como Jorge dos Santos chegou à Estónia com o objetivo de desenvolver as relações económicas. O representante português visitou o Ministério dos Negócios Estrangeiros, onde encontrou-se com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Jaan Lattik, o adjunto do ministro, August Schmidt, e o chefe do departamento político, doutor Juhan Leppik. Mais tarde, ele visitou o escritório de contratos do ministério, onde familiarizou-se com vários materiais, e também na fábrica de Luther, onde familiarizou-se com os equipamentos da fábrica. Jorge dos Santos tinha recebido instruções do Governo português para estudar os Países Bálticos, e em particular a sua vida económica, com vista a estabelecer, se possível, relações económicas entre Portugal e os Países Bálticos. „Há rumores de que Portugal está a pensar em estabelecer uma embaixada para os três Países Bálticos, e parece ser muito provável que num futuro próximo possamos dar as boas-vindas ao nosso Jorge dos Santos como Representante Plenipotenciário na Estónia. Jorge dos Santos tem sido diplomata no seu país há 22 anos, e já foi representante em Estocolmo, assessor em Tóquio, Londres e outras localidades. Mais recentemente, foi embaixador na América do Sul, onde foi convidado para chefiar o departamento comercial do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, cargo que ainda ocupa. Hoje às cinco e meia da tarde haverá uma receção organizada pelo Chefe de Estado no Palácio Kadriorg em homenagem ao convidado.“
Em 13 de dezembro de 1930, o jornal Järva Teataja escreveu: Citando Jorge dos Santos: „“Ficaria muito feliz se pudesse voltar como ministro a este país, de onde levo as melhores lembranças. A embaixada será fundada por Portugal para os três Países Bálticos, e o embaixador provavelmente irá alternando o tempo passado na capital de cada país.“ Por fim, o delegado enfatizou que transmitirá os seus mais sinceros desejos de boa sorte à Estónia.“
Pusta perguntou a Sampaio por que Portugal, um Estado imparcial, considerou necessário ser o primeiro a ter uma visão tão negativa dos Países Bálticos conquistados pela Rússia Soviética. Sampaio: „A declaração do governo português inspira-se numa consideração puramente jurídica, sem qualquer sentimento depreciativo para com os Países Bálticos. Dado que Portugal não tem reconhecido o governo soviético e não o pretende fazer no futuro, não podemos mais ter relações com os Países Bálticos, que aderiram em paz à União Soviética, país com o qual não nos queremos associar. A vossa nota mostra que esta adesão foi feita violentamente, sobre a opressão da ocupação soviética. No entanto, não temos relatórios de a Estónia, Letónia ou Lituânia tenham usado força armada contra a ocupação, apenas os protestos dos representantes diplomáticos do Báltico no exterior. Além de si, representantes da Lituânia e da Letónia também protestaram diante o governo português. Pretendíamos previamente consultar com os representantes locais, mas quando soube-se que o Concelho Supremo da União Soviética havia aceitado o pedido das assembleias nacionais da Estónia, Letónia e Lituânia para se juntarem à Rússia, não vimos mais razão para adiar a manifestação da nossa posição. Posso dizer-lhe entre nós que obtivemos anteriormente relatórios de Londres e Estocolmo sobre a atitude da Grã-Bretanha e da Suécia em relação a esta questão. Recebemos relatos de que esses países continuam a reconhecer as missões diplomáticas dos Estados Bálticos, mas também reconhecem o fato consumado e não têm intenção de protestar contra isso em Moscovo. Estes dois países têm relações bastante diferentes com os Estados Bálticos, bem como com a Rússia Soviética. E deve-se presumir que eles continuarão a ter interesses nos seus países no futuro. Portugal não tem tudo isso, salvo as poucas relações comerciais para as quais forma celebrados os acordos comerciais mencionados no edital do governo. A Letónia e a Lituânia tinham embaixadores portugueses acreditados na França. A Estónia não acreditou ninguém em Portugal. Mas digo isso de passagem. O principal argumento é que, uma vez que os Estados Bálticos agora fazem parte da União Soviética, e nó não queremos ter aqui representantes ou cidadãos soviéticos, não havia outra escolha a não ser acabar com todas as relações e representações anteriormente firmadas. A nossa declaração dizia: enquanto permanecer a situação atual. Se isso mudar e os Estados Bálticos recuperarem alguma independência, a declaração de 31 de agosto será revisada…“
Sampaio rejeitou todas as objeções de Pusta. Sampaio respondeu à sugestão de que o consulado honorário da Estónia pudesse continuar a funcionar e que os cidadãos estonianos pudessem continuar as suas viagens por Portugal com os seus passaportes nacionais, que o consulado devia ser desfeito logo a partir da data da publicação do aviso, o que claro não significava que o cônsul honorário não pudesse liquidar calmamente a correspondência do consulado e efetuar a transferência de quantias de dinheiro, se houvesse alguma. Os cidadãos estonianos que viviam em Portugal com os seus passaportes nacionais teriam que ser registados no Ministério do Interior e o seu destino seria determinado pelo Ministério. No entanto, se alguém dos ex-cidadãos estonianos se apoiasse à sua nova cidadania soviética, teriam que deixar o país, claro. Os estonianos que pretendessem viajar além de Portugal e que tinham o visto de entrada do país de destino, recebiam um visto de passagem do consulado português no seu passaporte nacional. O Ministério dos Negócios Estrangeiros estava sempre pronto a considerar de boa-fé emergências individuais. O Sampaio reiterou que o decreto de 31 de agosto não foi de forma alguma malicioso em relação aos Estados Bálticos.
(Fonte: „Saadiku päevik (1.osa)“, Kaarel Robert Pusta, New York, Kultuur, 1964)
E, ao mesmo tempo, o Monsenhor enviou ao Antonio Arata (Núncio do Papa na Estónia) uma carta, na qual „recordava o papel da Igreja cristã na promoção de um sentido de comunidade nacional na Estónia. Um dos objetivos dos líderes da Rússia Soviética é destruir a religião entre os seus e outros e substituí-la pela doutrina comunista com a qual buscam conquistar o mundo. Os povos subjugados observam com preocupação a luta entre as grandes potências para estabelecer relações com a Rússia Soviética, embora a sua perda por meio da guerra e da revolução seja um dos primeiros objetivos de Moscovo. Somente o Vaticano, uma potência espiritual, levantou a sua voz durante os dois governos papais para proteger os povos oprimidos e lembrou ao mundo que não poderá haver paz ou liberdade para nações grandes ou pequenas enquanto a humanidade estiver aterrorizada pelo comunismo russo, que é o contrário às liberdades religiosas e outras liberdades humanas.”. Pusta esperou então em Lisboa a oportunidade de atravessar para os Estados Unidos e mencionou que „a capital portuguesa merece elogios pela sua beleza e comforto“. A fuja de Pusta para os EUA foi organizada pelo ex-cônsul geral honorário em Lisboa, Karl Andersen.
(Fonte: „Saadiku päevik (1.osa)“, Kaarel Robert Pusta, New York, Kultuur, 1964)
(Fonte: jornal Postimees 14/04/2007, https://maailm.postimees.ee/1650181/eesti-afaar-portugali-sisepoliitikas)
A missão de Meelike Palli era estabelecer a futura embaixada. Ela esteve no cargo desde 1997 até 1999.
„Demorou quase dois meses para obter o credenciamento, o cartão de diplomata residente em Lisboa foi-me emitido no dia 26 de agosto de 1997. Embora o nosso Ministério dos Negócios Estrangeiros ter notificado o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal da decisão de estabelecer uma embaixada da Estónia em Lisboa com uma nota diplomática em 4 de abril de 1997 e ter enviado alguém temporariamente encarregado de negociações, isso teve de ser tudo feito de novo com uma nota diplomática da embaixada de Paris. Primeiramente, a nota diplomática da primavera tinha sido irremediavelmente perdida e, em segundo lugar, nos termos da Convenção de Viena, a nomeação de um encarregado de negócios deve ser feita na embaixada do embaixador acreditado naquele país.
A Estónia era representada pelo Embaixador de Portugal em Paris, Andres Tomasberg. O Ministério dos Negócios Estrangeiros português deu o seu consentimento à abertura da embaixada no dia 28 de julho. O envio da nota de resposta foi parcialmente atrasado também devido a falhas técnicas na ronda de coordenação. Quando telefonei mais uma vez para avergoar quando poderíamos contar com a resposta disseram-me „Está quase, quase pronto, só que um departamento descobriu que em vez de Estónia, estava escrito Eslovénia e tivemos que refazer a papelada“.
Devido à semelhança fonética, esses nomes também foram confundidos várias vezes no futuro. (A Eslovénia tinha aberto uma embaixada e enviado um encarregado de negócios a cerca de um ano antes.) O mandato de Andres Tomasberg terminou no final de 1997 e ninguém foi mais nomeado como Embaixador de Paris em Lisboa. E também não foi nomeado nenhum embaixador doutra cidade. Foi assim que surgiu a situação em que, durante um ano e meio, eu não estava a substituir ninguém. O departamento de protocolo português também chamou a atenção a este facto, quando parti no verão de 1999, exortando o governo da Estónia a „alinhar a situação com a prática internacional“, ou seja, a credenciar um novo embaixador quando mandassem um novo encarregado de negócios.
Em 28 de outubro de 1999, Raul Mälk, embaixador no Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, foi também nomeado embaixador em Lisboa (…) Para a satisfação da curiosidade dos agentes imobiliários, tivemos que sempre falar sobre a Estónia, onde fica e que língua aí se fala. Para quem já sabia sobre o país, tinha que sempre contar mais sobre a vida e a história daqui. Para as empresas imobiliárias, de água, eletricidade e telefonia, o papel duma encarregada de negócios feminina que tratava de tudo, parecia ser uma coisa inédita. Na maioria das vezes, eu era considerada um escriturário a fazer arranjos para a abertura da embaixada ou uma embaixatriz a preencher os seus dias ajudando o marido. Vez após vez, tive que responder à pergunta: „O seu marido é diplomata?“ e vários escritórios ficaram surpreendidos ao me verem pegar no carimbo e assinar os documentos quando tinha sido instruída a voltar à embaixada para os documentos serem assinado pelo chefe.
(Fonte: „Teine tulemine. Taasiseseisvunud Eesti välisesindused. Saatkonna rajamisest Lissaboni“, Meelike Palli, Eeva Eek-Pajuste, Ministério das Relações Ecteriores, 2003)
A 29 de maio de 2001 foi assinado um acordo relativo a transportes internacionais rodoviários de passageiros e mercadoria entre a República da Estónia e a República de Portugal. Foi assinado pelo ministro dos Transportes e Comunicação da República da Estónia, Toivo Jürgenson, e o ministro da Economia Social da República de Portugal, Eduardo Luís Barreto Ferro Rodrigues.
A 12 de novembro de 2001 em Lisboa foi assinado um acordo de readmissão de pessoas em situação irregular entre a Estónia e Portugal, que entrou em vigor em 26 de setembro de 2003. Foi assinado pelo embaixador extraordinário e representante plenipotenciário da Estónia, Indrek Tarand, e pelo ministro dos Assuntos Sociais de Portugal, João Rui de Almeida.
Em 12 de maio de 2003, a Estónia e Portugal assinaram um acordo de cooperação nos domínios da língua, educação, cultura, ciência, tecnologia, projetos para a juventude, desporto e Media, em vigor desde 15 de dezembro de 2005.
A 13 de maio de 2003 a República da Estónia e a República de Portugal assinaram a convenção para evitar a dupla tributação e prevenir a evasão fiscal em matéria de impostos sobre o rendimento. Foi assinado pela ministra de negócios estrangeiros da Estónia, Kristiina Ojuland, e o secretário de Estado dos assuntos europeus de Portugal, Carlos Costa Neves.
A 29 de novembro de 2005 foi assinado em Lisboa o Acordo para a Proteção de Informação Classificada entre a República da Estónia e a República de Portugal, entrou em vigor em 16 de novembro de 2008. Foi assinado pelo secretário de Estado da Estónia, Heiki Loot, e pelo secretário de Estado dos assuntos europeus de Portugal, Fernando Manuel de Mendonça d’Oliveira Neves.
O presidente de Portugal atribuiu ao Presidente Rüütel o Grande Colar da Ordem da Liberdade e à Senhora Ingrid Rüütel a Grã-Cruz da Ordem do Mérito, o Chefe de Estado da Estónia, honrou o Presidente Sampaio com o Grande Colar da Ordem da Estrela Branca e a senhora Sampaio com a Primeira Classe Ordem da Estrela Branca.
Em 2008, o Presidente Ilves presenteou o Presidente português Cavaco Silva com a corrente da Cruz da Terra Mariana por apoiar a política de não reconhecimento da ocupação da Estónia.
O Grupo de Arrailoso é conhecido pela sua série de encontros informais, iniciados em 2003, para as quais são convidados Chefes de Estado que, de acordo com as constituições dos respetivos países, não participam nas reuniões do Conselho Europeu.
O primeiro encontro foi organizado pelo Presidente de Portugal, Jorge Sampaio, em Arrailos, Portugal, e contou com a presença dos Chefes de Estado da Letónia, Polónia, Alemanha, Finlândia e Hungria. No encontro de 2005, em Helsínquia, o círculo de participantes expandiu para incluir a Áustria e a Itália. Em 2011, a Eslovénia foi convidada a participar, e no ano passado a Estónia e Bulgária.
Como resultado, a necessidade de assistência consular também tem aumentado e o cônsul honorário recém-nomeado poderá fornecê-la aos necessitados no futuro. Na inauguração, o Cônsul Honorário sublinhou a sua vontade de contribuir para o fortelacimento dos laços entre a Estónia e Portugal, nomeadamente nos domínios do turismo, economia e cultura. No seu discurso, o representante do governo regional da Madeira sublinhou que enquanto a Estónia celebra o seu 100.º aniversário e a sua presidência do Conselho da União Europeia, já se passaram 600 anos desde a descoberta da Madeira e os dois países costeiros podiam celebrar estes aniversários com algum evento cultural conjunto. A abertura da receção contou com a presença de Tranquada Gomes, presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, Eduardo Jesus, responsável pelos Assuntos Económicos, Turísticas e Culturais no Governo Regional da Madeira, Cristina Pedra, presidente da Câmara de Comércio e Indústria da Madeira, e Paulo Cafôfo, presidente da Câmara do Funchal. Seguiu-se a inauguração de uma exposição fotográfica a apresentar a Estónia no Teatro da Cidade de Funchal. O Cônsul Honorário da Estónia no Funchal, Fernando Faria de Catanho nasceu em 1974 e além de português fala inglês e espanhol. Ele é licenciado pela Universidade Autónoma de Lisboa com um licenciatura em Gestão de Negócios Internacionais e pela Universidade Lusíada em Lisboa com uma licenciatura em Economia. O novo cônsul honorário dirige a imobiliária Barreto, Fernando & Daniel e atua na administração regional do Ministério da Justiça.
https://president.ee/et/meediakajastus/pildigalerii/collection_id-3288.html
Fotos fornecidas pelo Hein: as credenciais do Embaixador Moura: